segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sobre admiração, troca, afeto...


Esse abraço e esses sorrisos, significam muito pra mim.

Ari e Savalla me fizeram sonhar na frente da tv e me inspiraram nos palcos, quando eu ainda era aluna de teatro. Sempre foram dois exemplos de talento, duas fortes referências de amor e de entrega à arte, na minha formação. E nos últimos quatro anos tive o privilégio de compartilhar com eles as histórias do Walcyr. Um ciclo que agora se fecha.

Sete Pecados, Caras e Bocas, Morde e Assopra. É... eu que vivo de escrever, estou aqui, tateando esse teclado, tentando colocar em palavras o que é para uma autora escrever para esses dois. É lindo. É gostoso. É surpreendente. A gama de emoções com as quais a gente pode brincar! A gargalhada mais escrachada e despudorada pode dar lugar ao drama mais sublime, a lágrima mais delicada. É uma honra poder bolar uma frase, cena, indicar uma rubrica que seja, e colocá-la a serviço do brilho de Ari Fontoura e Elizabeth Savalla.

E o melhor é o entre cenas. Espaços ocupados - ainda que menos do que gostaríamos - pelos papos intermináveis, fartos em risadas, e uma dose de malvadeza, claro, que a gente é sacaninha de vez em quando. Essa foto foi tirada na casa de Joaquim e Paola, num jantar lindo, numa das comemorações do fim da novela. Uma mistura doida de alívio e saudade já pairava, para nós juntos era a terceira vez. Que tenha sido mais um "até breve" que se anunciava, se Deus quiser.

Ari, querido. Savalla, minha deusa. Pelos inúmeros personagens que assisti vocês interpretarem - e que invariavelmente influenciaram na minha formação como artista - e também pelo afeto precioso nesses quatro anos, obrigada. Devoto todo meu amor de fã e de autora babona à vocês!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Tempo das Coisas






http://www.goear.com/listen/9412932/segue-o-seu-destino-nana-caymmi















Eu - amendoeira em agosto - estou perdendo algumas folhas que amarelaram e se desprendem de mim. Não sem dor, mas sem alarde. Trabalhando o desapego do que não tem mais viço em minha existência de mulher árvore. Eu estendo a mão, e folhas amareladas se soltam delicadamente dos meus dedos. Sorridentes vão no vento, viver suas vidas de folhas mortas, juntando-se a outras folhas caídas, no chão da vida que segue. Serão varridas. Irão pra longe. Novas folhas virão.























domingo, 24 de julho de 2011



Tramal. Chocolate. Lexapro. Whisky. Vicodim. Mandrix. Vinho. Lexotan. TV. Rivotril. Absinto. Maconha. Grapa. Dorflex. Cocaína. Amor. Cachaça. Morfina. Vodka. Cerveja. Dormonid. Extase. Heroina. Crack.


Qual é a sua droga? O que te anestesia da grande dor que é viver?


Enquanto eu crescia, minhas pernas doiam, bem atrás dos joelhos, e minha mãe dizia "é a dor do crescimento". O que ninguém me disse é que essa dor se espalha com o passar do tempo. Crescer dói o corpo todo. Muito. Cada dia, cada semana. Até tomar a alma. Enquanto eu estudava, bem menininha ainda, eu observava os desenhos do corpo humano e me perguntava "onde fica o lugar da alma?" O que ninguém me disse é que a alma não tem lugar explícito dentro do corpo. Eu imaginava - acredite - que no centro do corpo havia um espaço, em forma de fantasminha, que era o lugar onde a alma ficava. Não, garota, a alma não tem lugar marcado, e às vezes parece que ela é maior do que o corpo, e se expande, e dói por não caber nele. Dói!


Tramal. Chocolate. Tv. Rivotril. Cerveja e blues.


Miss Winehouse se foi, mas o buraco que cada um de nós tem no peito fica. E hoje ele parece maior.









segunda-feira, 18 de julho de 2011

Intimidade Pública





Há algum tempo venho querendo falar de um assunto, mas sempre adiando. Hoje ele me deu um tapa na cara. O assunto é violento quando quer. Te expõe na sua fragilidade. Mas, como um vampiro, esse assunto só entra nas nossas vidas porque abrimos a porta e o convidamos a entrar. Ele é sedutor. Te adula. Te mima. E te agride um dia.

A exposição a que nos submetemos na internet é o assunto. Não: não adianta se arrepender de ter se exposto. Colocou fotos? Disse o que sente? Fez piada dos seus próprios problemas? Bem feito. Vão ler. Quem você quer bem e quem só passou pra te estudar. Te sacar. Sacanear.

A intimidade pública é o pasto onde a nossa vaidade se farta.

Gosto das redes sociais. Ao contrário da maioria dos que acham que elas afastam as pessoas, eu acho que aproximam. Converso diariamente com pessoas que eu só encontraria duas, três vezes ao ano. Troco carinhos, afetos, opiniões, e isso é bom. Mas, há um tempo aconteceu uma coisa inusitada. Encontrei Walmor Pamplona no mundo real, tomando um café no Leblon. Pausa pra explicar o porque do inusitado: Walmor e eu já nos esbarramos várias vezes em trabalhos em comum, mas viemos a falar mais sobre a vida no facebook, isso principalmente no início (Alô, Walmor! Um beijo!), e naquela noite, durante um cafe real, ouvindo a voz um do outro, as risadas e os olhos que não compartilhamos ou curtimos ao vivo no facebook, ele disse uma pérola.

"Existe uma evasão de privacidade na internet".

É isso. Paparazzos de nos mesmos, abrimos nossa vida - inclisive a frágil flor do amor - aos olhos de... de quem mesmo? Nem imagino. Nem com que intenções. Mas, para ler o que escrevi nesse blog até hoje, pequenos frames da minha alma de mulher, eu digo: sejam bem-vindos todos: amigos, vampiros, putas e curiosos. É o circo virtual da minha alma, escancarada, que eu exponho aqui. Pode cuspir. Pode amar. Me desejar ou fugir. Aqui, espaço público que eu elegi para os meus delírios de escritora sobre a vida e a ficção.




Nos outros espaços, delicados, felizes e privados, a intimidade não é pública. E é para poucos.



foto: André Arruda