domingo, 26 de abril de 2009

Abril está terminando...


Abril está terminando e, desta vez, de certa forma, maio chegou mais cedo no meu coração. Maio é, há alguns anos, um estado de espírito. Uma tristeza. Uma saudade. Uma dor. Lembro que não percebi de imediato. Mas vinha aquele aperto no peito, uma vontade de chorar do nada... e quando eu me dava conta: era maio! Eu tinha 19 anos quando perdi meu pai num maio que o tempo não afasta. Hoje eu sei que passei mais tempo nessa terra sem a sua companhia, que ao seu lado. Mas não parece assim. Meu pai continuou e continua no mais lindo lugar da minha memória, do meu afeto, da minha alegria e gratidão. Muito do que me tornei devo a ele, coisas boas e más, claro! Problemas, sim. Realizações, com certeza. Nenhum momento, nenhuma dor que vivi depois daquela manhã se iguala. E quando chega maio, acho que respiro isso no ar. Meu pai sempre teve um espírito iluminado! Um sorriso lindo e um humor refinado. Foi autodidata, trabalhou desde muito novo para se sustentar, vindo de Santo Antônio de Pádua com alguns irmãos. Chegou a um cargo alto no Banco do Brasil, quando este ainda era uma referência, por esforço e mérito próprios. Me levou ao primeiro prédio que trabalhou no BB, onde hoje funciona o CCBB, com seus lindos teatros, cinemas e galerias. Sempre o adimirei por ter conquistado o que conquistou, mas sobretudo o admiro (porque ele ainda vive em outra esfera, eu sei!) por sua generosidade. Lembro como se fosse ontem, meu pai me perguntando " eu vou pagar cursinho de vestibular pra você fazer teatro ao invés de estudar?" Quando outro pai tiraria a filha do teatro, meu pai me tirou do cursinho. Me matriculou na melhor escola de teatro da época . Confiou no caminho que eu estava escolhendo, e eu tinha 17 anos. Ele não viu minha formatura. Mas sua generosidade permitiu que eu seguisse meu caminho e fosse feliz na minha profissão. Quando éramos bem moleques, eu, minha irmã mais velha, meus primos e primas, saíamos correndo das árvores na casa do meu querido tio Darcy quando o sorveteiro gritava na esquina, longe... "sorveteirooooo!" O único adulto que vinha conosco era meu pai, que pagava o picolé de toda a garotada. Sempre. Que saudade dos nossos papos, daquela voz grave e os olhos azuis que não herdei... Ah, rapazes! Vocês, que são pais de moças, de meninas e mulheres, vocês não imaginam o quanto são importantes na vida de suas pequenas. Pai, um beijo onde você estiver, querido.

Um comentário:

  1. Concordo, por motivos muito semelhantes, que o mês de maio é o mais soturno de todos. Até a natureza concorda, pois a chuva se nega a cair e as plantas perdem as cores.

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